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Há risco de guerra mundial, diz Celso Amorim

Assessor internacional do governo Lula avaliou escalada dos conflitos entre Israel e Irã e entre Rússia e Ucrânia e definiu o contexto geopolítico atual como “o mais perigoso” até aqui

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O assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Celso Amorim • REUTERS

O assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Celso Amorim, disse à CNN ver risco de ocorrer uma guerra mundial caso o conflito no Oriente Médio e a guerra entre Rússia e Ucrânia se “comuniquem”.

“Estamos vivendo um momento perigoso pelas partes envolvidas e perigoso para o mundo, porque há duas guerras com potencial de se alastrarem. Se essas duas guerras se comunicarem, teremos praticamente uma guerra mundial. Não digo uma guerra total, mas uma guerra com grande irradiação negativa, com reflexos na economia, no preço do petróleo”, declarou.

De acordo com ele, há um problema a mais no contexto atual, relacionado ao fator religioso.

“Agora, em todo o Oriente Médio, vemos manifestações nos países islâmicos. E quando essa conotação religiosa desperta, é difícil conter”, disse.

Para Celso Amorim, o contexto atual é o mais perigoso que ele já viu na diplomacia.

“ Tenho 83 anos, 63 deles ligados à diplomacia, e nunca vivi um momento tão perigoso. Mesmo na crise dos mísseis de Cuba, havia duas pessoas podendo se comunicar. A URSS tentou um lance atrevido, mas voltou atrás. Agora são muitos atores e muito incontroláveis”, afirmou.

Ataque dos EUA ao Irã

Ele fez referência a nota do Itamaraty de domingo (22), que condenou o ataque dos Estados Unidos ao Irã, no sábado (21), que teve como alvo três instalações nucleares. Amorim avaliou que o ataque violou regras internacionais.

“A nota do Itamaraty já diz o que precisa. Só posso acrescentar: estamos à beira do alastramento de dois conflitos perigosos, sendo que um deles é o mais perigoso.”

“Houve violação do direito internacional. A Carta da ONU não contempla essa história que Israel invoca de autodefesa preventiva. Isso não existe. É uma quebra total das normas internacionais — e isso está ocorrendo com frequência”, acrescentou.

Na avaliação do assessor, há um problema estrutural na região do Irã.

“Ali há um problema estrutural. Você sabe que nós tentamos, há 15 anos, ajudar. O Brasil participou de um esforço lá atrás para gerar confiança. Conseguimos, junto com a Turquia, que o Irã aceitasse todas as condições. Essa ajuda foi, posteriormente, reconhecida por altos funcionários dos EUA. Mas o processo não evoluiu. Então, o Irã aproveitou esse vácuo nas negociações para fazer enriquecimento de urânio. Essa ideia de que ele pode ter a bomba em seis meses eu ouvi isso em 2010 e isso não ocorreu. Nada justifica esse bombardeio”, afirmou.

Ele disse também acreditar “que os EUA não queriam ir nessa direção [do bombardeio no Irã], mas foram induzidos pela situação”.

Celso Amorim disse considerar difícil que o Irã desista do seu programa nuclear.

“Não sei se pode haver um espaço para negociação. Não sei exatamente os efeitos reais dos bombardeios americanos, não sei se realmente destruíram a capacidade do Irã. Sei duas coisas: o Irã não vai desistir de ter um programa nuclear pacífico. E, por outro lado, a única maneira é o que o Egito propõe: que os países do Oriente Médio estejam livres de armas nucleares.”

Brics

O assessor internacional relatou como a escalada pode impactar a reunião da Cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro, em 6 e 7 de julho.

“Temos reunião dos Brics, esse tema pode ser tratado, mas não sei ainda bem a reação do Irã. Não sei se a Rússia vai dar assistência ao Irã. Sei que eles condenaram. Há muitas incógnitas ainda para saber o que fazer. Talvez os Brics, em conjunto, possam fazer algo, mas não sei se haverá acordo”, afirmou.

FONTE: Por CNN

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