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Entenda o que é o Crispr, ferramenta que consegue editar o DNA

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Em 2020, o Prêmio Nobel de Química foi para as duas cientistas que desenvolveram o Crispr, uma ferramenta que consegue editar o DNA, o código genético de seres vivos. Abaixo, nesta reportagem, você vai entender o que é o Crispr, para que ele serve, para que já foi usado e quais são as polêmicas em torno da sua aplicação.

O que é o Crispr? Para que ele serve?

Crispr/Cas9 é uma espécie de “tesoura genética”, que permite à ciência mudar parte do código genético de uma célula. Com essa “tesoura”, é possível, por exemplo, “cortar” uma parte específica do DNA, fazendo com que a célula produza ou não determinadas proteínas.

A pesquisa com a descoberta da ferramenta foi publicada na revista científica “Science”, uma das mais importantes do mundo, em junho de 2012.

Usando o Crispr, cientistas podem alterar o DNA de animais, plantas e microrganismos com extrema precisão. A tecnologia “teve um impacto revolucionário nas ciências da vida”, segundo o comitê do Prêmio Nobel, e está contribuindo para novas terapias contra o câncer. A ferramenta também pode tornar realidade o sonho de curar doenças hereditárias.

Para que ele é usado hoje?

Como o Crispr é bastante fácil de usar, ele foi amplamente difundido na pesquisa básica. Ele é usado para alterar o DNA de células e de animais de laboratório, com o objetivo de compreender como diferentes genes funcionam e interagem, por exemplo, durante o curso de uma doença.

“A gente consegue derivar linhagens [de células] de pacientes com diferentes doenças genéticas no laboratório e, a partir do sangue, conseguimos fazer células musculares, neurônios, células pulmonares, qualquer tipo. Com essa tecnologia, a gente tenta corrigir o defeito genético para resgatar o quadro clínico [do paciente]. Ou pode criar mutações e ver o que acontece”, explica a geneticista Mayana Zatz, que lidera o Projeto Genoma da USP.

No laboratório, os cientistas também estão editando genes de porcos para desenvolver órgãos que possam ser transplantados em humanos sem que haja rejeição, segundo Zatz.

Além dos usos em humanos, pesquisadores também conseguiram desenvolver plantas capazes de resistir a mofo, pragas e seca, por exemplo, além de criar cães extramusculosos, porcos que não contraem viroses e amendoins antialérgicos.

Quais são os problemas em torno do uso?

Uma das polêmicas com a ferramenta é que o Crispr pode “cortar” a parte errada do genoma, ou fazer mudanças que não eram as pretendidas. Por isso, ela não pode ser usada em embriões humanos que vão ser implantados em tratamentos de reprodução assistida, por exemplo.

Em novembro de 2018, um pesquisador chinês usou o Crispr para fazer uma edição genética em embriões humanos de modo torná-los, supostamente, imunes ao HIV. Os embriões foram implantados e deram origem a gêmeas.

O experimento foi rechaçado pela comunidade científica internacional, o cientista foi demitido da universidade e, no fim de 2019, condenado a três anos de prisão.

Em fevereiro do mesmo ano, um estudo publicado por um cientista do MIT indicou que a alteração provavelmente teria impacto na função cognitiva das bebês. Na época, o pesquisador disse que a edição de DNA em humanos não deveria ser feita justamente porque os efeitos dela eram impossíveis de prever.

Zatz defende que pesquisas sejam realizadas em embriões com a técnica, mas apenas nos que não serão implantados em reprodução assistida.

FONTE: G1

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