Início Brasil MP recorre contra absolvição de PMs envolvidos em Chacina do Curió (CE)

MP recorre contra absolvição de PMs envolvidos em Chacina do Curió (CE)

Policiais formavam “Núcleo da Omissão”, por estarem de serviço na região durante chacina sem agir para impedir crimes; saldo do processo é de 21 policiais absolvidos e seis condenados

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Mães de mortos na Chacina do Curió organizaram um movimento para pressionar autoridades pela investigação das mortes do massacre • Reprodução/Instagram

O MPCE (Ministério Público do Ceará) entrou com recurso, nesta segunda-feira (1º), contra a absolvição de sete policiais militares que respondiam por omissão no julgamento da Chacina do Curió, episódio que marcou a periferia de Fortaleza em novembro de 2015, quando 11 pessoas morreram. 

Os PMs formavam o chamado “Núcleo da Omissão”, denominado pelo órgão dessa forma por estarem de serviço na região durante a chacina, sem agir para impedir os crimes. De acordo com a denúncia apresentada pelo MP, eles poderiam ter evitado a sequência de assassinatos, mas nada fizeram. 

Ainda segundo o MP, a decisão da absolvição, que ocorreu no domingo (31), não foi a esperada e por isso o pedido de recurso ao Tribunal de Justiça. Com o resultado, o saldo do processo até agora é de 21 policiais absolvidos e seis condenados.

Restam apenas três réus, cujo julgamento está marcado para 22 de setembro, também no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza.

Absolvição e vingança

O Tribunal do Júri encerrou no domingo (31) o quarto julgamento da Chacina do Curió. Depois de quase 78 horas de debates, os sete policiais militares que respondiam por omissão foram absolvidos.

O veredito foi anunciado após uma semana inteira de oitivas, análise de provas e sustentações. Os jurados rejeitaram todas as imputações contra os agentes, incluindo 11 homicídios duplamente qualificados, três tentativas de homicídio e quatro acusações de tortura.

A chacina ocorreu entre os dias 11 e 12 de novembro de 2015, na comunidade do Curió, na Grande Messejana. A maioria das vítimas tinha entre 16 e 18 anos e não possuía antecedentes criminais.

Segundo as investigações conduzidas pelo Ministério Público do Estado do Ceará, a motivação da chacina teria sido vingança pela morte de um policial militar, ocorrida horas antes da série de execuções. O soldado Valtermberg Chaves Serpa foi morto ao reagir a um assalto cometido contra sua esposa, em crime caracterizado como latrocínio.

Inicialmente, 45 policiais militares foram denunciados. A Justiça acolheu denúncia contra 44 deles, mas impronunciou 10 acusados por falta de indícios suficientes de autoria para levá-los a julgamento.

Outros três réus tiveram as acusações redirecionadas à Vara de Auditoria Militar, e um teve a punibilidade extinta após falecer no curso da ação. Com isso, o número de réus submetidos a júri foi reduzido a 30.

O caso soma quase 300 horas de julgamento e tornou-se o mais longo da história do Judiciário cearense. O processo tem mais de 13 mil páginas.

FONTE: Por CNN

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